Fortaleza (terra de Iracema, perto de Baturité), 3 de junho de 1994.

Mui caros e Emeriti Dr. Ebion e Dra. Geny, quanta saudade!

Foi com alegria que recebemos sua carta (todos lemos avidamente as notícias, o Danilo
mal deixando que eu terminasse de ler).É como se, ao vivo e a cores, ouvíssemos suas vozes,víssemos seus largos e francos sorrisos e o brilho de seus olhos: tudo chegou, por mágica, naslinhas e entrelinhas.De repente, tive aquela sensação:”arrumem tudo que estão chegando Da.Geny e Dr. Ebion…”Como nos tempos americanos, o apartamento sempre acaba ficando semibagunçado; mas era “só” uma carta. Na verdade, suas notícias nunca serão “só” uma carta: ainda teimo em manter aquela “teoria dos anjos” (com provas e tudo, acredite…). Graças a Deus, estamos todos bem. A mudança para Fortaleza foi como uma volta para casa. Pelo menos, no sentido de que a gente não sente mais uma provisoriedade, como aí e, depois, em Brasília. Aqui pretendemos ficar, como não vinha acontecendo nos últimos quase quatro anos. Acho que para os meninos não tem sido um transtorno muito grande. Tiro por mim, filho de militar, se mudando de vez em quando prá cima e prá baixo, às vezes deixando um gato aqui, um papagaio de estimação alí, uma amizade acolá. Pessoalmente, aprendi o que é provisório/transitório e que o apego ao provisório/transitório não é um valor. E que, por outro lado, só posso me apegar a Deus, o Permanente–o mais passa, a gente perde ou, por vezes facilmente, por vezes dolorosamente tem que se despedir. Isso significa, e também aprendi (e imagino os meninos aprendendo), que a gente precisa mergulhar na vida, no hoje, no que Deus nos põe às mãos. E, principalmente, que a gente precisa amar as pessoas, que são o jeito de Deus se mostrar, na revelação da “imagem e semelhança”. Mas, o que andei escrevendo? Acho que incorri na crua e rasa acepção do provérbio: “Ensinar pai-nosso ao vigário”… Mas, não repare, não. Estou só “escrevendo alto”… Não pretendia lhe “empalhar” com estas considerações (acho que o senhor conhece este termo – empalhar, tão comum por estas bandas, no sentido de tomar seu tempo desnecessariamente) .  Voltando às nossas notícias. O Junior fazendo Nutrição e a Andrea, Letras, ambos na Universidade Estadual, pública e (ainda) gratuita. O Marcus se preparando para o Vestibular, num cursinho. O Danilo, na 8ª série, primeiro grau (faltam três séries do segundo grau, antes da Universidade); até agora entre os 12 melhores da turma de quase cinquenta alunos (numa escola particular). Todos se dando bem, malgrado o nível das escolas por aqui. O clima, os amigos de antes e os de agora, a parentela e “aderentela” fazem com que eles fiquem muito à vontade. O Danilo continua nos seus programas de remédios e fisioterapias; e crescendo, graças a Deus. Planejamos voltar a visitar o Dr. Cassidy em julho próximo. Na próxima semana, quando estarei em Brasília para treinamento profissional, procurarei tratar desta visita. Caso se confirme, procurarei fazer-lhe ciente a respeito de datas. A área metropolitana de Fortaleza anda, atualmente, assolada por uma onda de epidemias: cólera, dengue, hepatite, meningite, rubéola e uma estranha e não identificada vissose que abate gregos e maranguapenses. Para os senhores terem uma idéia: 40.000 casos de cólera (registrados, Deus sabe como, porque não existe registro estatístico sério) nos últimos cinco ou seis meses; como sempre, estes casos acontecem na periferia da cidade. E, claro, infelizmente com muitas vítimas fatais. Enquanto isso, os políticos insistem em que o Ceará tem suas contas equilibradas, ninguém rouba nem dá calote — e a saúde do povo? E a educação do povo? Fica até meio chato eu ficar dizendo isto para os senhores, anunciando que daqui a pouco estaremos por aí; a pergunta óbvia vem: e que amostra de epidemia trareis? Só Deus sabe como estamos driblando tudo isto (porque o Danilo anda tomando remédios para diminuir suas defesas, na tentativa de segurar a artrite). Os casos nos rondam: minhas irmãs, colegas de trabalho, meninos do prédio, colegas da escola e por aí. Graças a Deus, vamos em frente, escapando disso tudo. O Brasil está envolvido nos discursos e na discussão do novo (mais um) plano de estabilização econômica. Como das outras vezes, este plano precisa dar certo. Se não… será a grande catástrofe, o caos, o juízo final. Aliás, conforme a pregação, já de várias décadas, de sociólogos como Hélio Jaguaribe. É a nova moeda, o Real, que agora se põe como a solução, enfim duradoura, das nossas vicissitudes econômico – político – sociais. E, naturalmente, é preciso dar certo para assegurar a grande plataforma do candidato Fernando Henrique Cardoso, que, como Ministro da Fazenda, começou o plano e “teve que se afastar” para concorrer à Presidência da República. Qualquer semelhança com a “única bala” do Collor é mera coincidência… É triste e cruel, mas é o que se vê. Um eco sempre volta a ser ouvido:”Que país é esse?” Sentimos, e como!, o transtorno da Dra. Geny. Aliás, não é preciso estar próximo para entender. Minha mãe é que está sempre repetindo: “Deus é grande e Filho da Virgem Maria”. Mas, quem entende os desígnios de Deus? Por falar na mamãe, Da. Izaíra, 72 anos, ela fez recentemente uma operação para remover uma catarata num olho. Com o olho ainda tamponado, ela disse que jamais voltaria ao hospital para tratar do outro olho. Depois de começar a se admirar com as cores e o jeito das roupas, dos netos e da casa, ela diz que quer voltar já-já para recuperar a visão do outro olho. E como uma conversa puxa outra, a Clarissa está linda, nos seus um ano e seis meses. Já falando, sapeca, agarrada à mãe, entende e presta atenção em tudo: uma gracinha. Tia “Bolinha” está feliz com ela, às vezes cansada, mas “curtindo”. Toda vez que falo dos senhores, ela comenta que deveria ter escrito antes, que isso e aquilo, mas acho não toma outra providência. C’est la vie? Parabéns pela sua felicidade pela felicidade de seus filhos. Deus os conserve assim! E as suas memórias? Já publicáveis? Ou já publicadas? E vendo o trecho em que o senhor fala do alemão, falo de minhas leituras atuais. Mitologia e os Manuscritos do Mar Morto. Da Mitologia, estou lendo, do francês Marcel Detienne, “A invenção da mitologia”, algo como a filosofia da mitologia. Interessantíssimas as abordagens sobre os aspectos semiológicos, linguísticos e etimológicos. Além deste, uma coletânea de textos organizada por Regis de Morais (“As razões do mito”).Depois, estou de olho nos cinco volumes (dos quais, dois volumes são dicionário, que já temos) da autoria de Junito Brandão (“Mitologia Grega”). Dos Manuscritos do Mar Morto, eu estava impressionado sobre a distância entre as descobertas (1947) e a liberação recente de vários manuscritos. A leitura fazme entender a dimensão da ansiedade entre estudiosos judeus e cristãos e entre os curiosos e críticos.de todos os lados. E o dificilmente saciado fascínio pelos textos tão próximos à época da pregação das verdades que professamos. Outro dia, me meti a besta e concorri a um Doutorado em Educação, pela Universidade Federal do Ceará. Mas meu projeto (Informática na formação de professores) foi recusado. A banca disse que mais parecia um plano de estudos que um projeto de pesquisa. Ainda pretendo me candidatar, no proximo ano, com um projeto diferente. Pretendo apresentar um projeto para desenvolver uma metodologia para passar noções de tecnologia aos agentes informais de comunicação (como cantadores, violeiros e os do ramo).Tais noções de tecnologia se refeririam a computadores, telecomunicações, satélites artificiais, etc.: temas que a Universidade não tem interesse informal de apresentar ao “povão”. A idéia é passar estas noções a cantadores, emboladores, etc. e, assim,. eles poderiam, com a forma da linguagem que têm, passar ao povo que não tem acesso ao saber organizado. Well. Amizade que se preze não se pode abusar da paciência. Nem adianta se desculpar pelas mal-traçadas linhas porque não se tem jeito nem capacidade de consertá-las ou melhorá-las. De mais a mais, como dizia o poeta, “amigo é coisa prá se guardar embaixo de sete chaves, dentro do coração”. E, só para rimar, não com amolação… E, ainda o poeta: “qualquer dia a gente volta se encontrar”. Um grande e saudoso abraço de todos e de cada um de nós (o senhor vê alguma diferença entre uns e outros? Pois tem, eu acho…). E nosso obrigado pela carta; nós é que deveríamos ter tido a iniciativa de enviar notícias antes. Esperamos ter a felicidade de revê-los em breve. Deus queira.

Paracuru, 31 de março de 2000.

Exmo. Sr.
Presidente da Câmara de Vereadores
Nesta
ASSUNTO: NOME DE LOGRADOURO PÚBLICO – solicitação de alteração
Nome atual: RUA M
Nome sugerido: RUA SOCIEDADE CÓSMICA
Bairro: Loteamento Meireles
Prezado Senhor,
Refiro-me ao assunto à epígrafe para solicitar a V.Sa. a alteração do nome do
logradouro, sito no Loteamento Meireles, denominado RUA M para RUA
SOCIEDADE CÓSMICA.
2. A alteração solicitada visa tornar o logradouro mais identificável. O nome
sugerido refere-se a uma associação sem fins lucrativos, cujo objetivo é assim
determinado no Art. 5° do seu Estatuto:
Art. 5° – O objetivo da SOCIEDADE CÓSMICA é ser um fórum aberto
e permanente sobre temas relacionados à cosmologia, mormente à
astronomia e à física quântica.
3. Outrossim, dada a relevância do tema, o objetivo da sugestão é o de ajudar a
alçar a cidade a um patamar compatível com seus destinos vocacionais turísticos.
4. Assim, certo do atendimento ao quanto solicitado, subscrevo-me
mui respeitosamente,
José Francisco Diogo da Silva
C.I. 171.643-SSP-CE

Texto Original

Tradução para PT-BR

WORTH THINKING ABOUT: THE END OF FUTUROLGY?

VALE A PENSA: O FIM DA FUTUROLGIA?

“Futurology is a fashion. The approach of the end of the current millennium has stimulated it. But it looks like a fashion in decline. It seems to have peaked when public interest in the future was enlivened by debate between scientific perfectibilians and apocalyptic visionaries. The optimists predicted a world made easy by progress, lives prolonged by
medical wizardry, wealth made universal by the alchemy of economic growth, society rectified by the egalitarianism of technologically prolonged leisure. The pessimists foresaw nuclear immolation or population explosion or a purgative world revolution-a cosmic struggle reminiscent of the millennium of Christian prophetic tradition — which would either save or enslave mankind. “No one gets excited by such visions today. Scientific progress has been, at best, disappointing — encumbering us with apparently insoluble social and moral problems, or else, at worst, alarming — threatening us with the mastery of artificially intelligent machines or genetically engineered human mutants. Economic growth has become the bogey of the ecologically anxious. Meanwhile, world revolution and the nuclear holocaust have been postponed, and apocalyptic prophecy has resorted to forebodings — variously unconvincing or uncompelling — about ecological cataclysms. Proliferation of nuclear weapons and the discovery that even peaceful nuclear installations can poison great parts of the world has, in some ways, made disaster impend more darkly; but lingering extinction and little loca nuclear holocausts seem to lack, in public esteem the glamour of a sudden and comprehensive armageddon. The future has become depressing rather than dramatic, and futurology has lost allure.”

 

>From Felipe Fernandez-Armesto’s 1995 book, “Millennium: a History of the
Last Thousand Years”:

“A futurologia é uma moda. A aproximação do fim do atual milênio a estimulou. Mas parece uma moda em declínio. Isto parece ter atingido o ápice quando o interesse público no futuro foi avivado por debate entre perfectibilistas científicos e visionários apocalípticos. Os otimistas previram um mundo facilitado pelo progresso, vidas prolongadas por magia médica, riqueza universalizada pela alquimia do crescimento econômico, sociedade retificada pelo igualitarismo de tecnologicamente prolongado lazer. Os pessimistas previram imolação nuclear ou explosão populacional
ou uma revolução purgativa mundial – uma luta cósmica que lembra o milênio de tradição profética cristã – que salvaria ou
escravizar a humanidade. “Ninguém fica animado com essas visões hoje. O progresso científico tem sido, na melhor das hipóteses, decepcionante – sobrecarregando-nos com aparentemente insolúveis problemas sociais e morais, ou então, na pior das hipóteses, alarmante – ameaçando-nos com o domínio de máquinas artificialmente inteligentes ou geneticamente mutantes humanos projetados. O crescimento econômico tornou-se o bogey do ecologicamente ansioso. Enquanto isso, a revolução mundial e o holocausto nuclear foram adiados, e a profecia apocalíptica recorreu a pressentimentos – variadamente pouco convincente ou pouco convincente – sobre cataclismos ecológicos. A proliferação de armas nucleares e a descoberta de que mesmo a paz instalações nucleares podem envenenar grandes partes do mundo tem, de certa forma, fez o desastre iminente mais sombrio; mas a extinção persistente e pouco local holocaustos nucleares parecem faltar, em público estimam o glamour de um súbito
e armageddon abrangente. O futuro tornou-se deprimente em vez de dramático, e a futurologia perdeu o fascínio.”

 

>Do livro de Felipe Fernandez – Armesto de 1995, “Millenium: a History of the
Últimos mil anos”

Texto original

Tradução para PT-BR

WORTH THINKING ABOUT: THE HISTORY OF BUGS

VALE A PENSA: A HISTÓRIA DOS ERROS

Princeton University’s Edward Tenner wants us to know that bugs, those notorious enemies of technology, have been around long before computers:
“The bug, that perverse and elusive malfunctioning of hardware and
later of software, was born in the nineteenth century. It was already accepted shop slang as early as 1878, when Thomas Edison described his style of invention in a letter to a European representative: ‘The first step is an intuition and it comes with a burst, then difficulties arise — this thing gives out and then that — “Bugs” — as such little faults and
difficulties are called — show themselves, and months of intense watching, study and labor are requisite before commercial success — or failure — is certainly reached.'”Edison implies that this use of ‘bug’ had not begun in his
laboratory but was already standard jargon. The expression seems to have originated as telegrapher’s slang. Western Union and other telegraph companies, with their associated branch offices, formed America’s first
high-technology system. About the time of Edison’s letter, Western Union had over twelve thousand stations, and it was their condition that probably helped inspire the metaphor. City offices were filthy, and clerks exchanged
verse about the gymnastics of insects cavorting in the cloakrooms. When, in
1945, a moth in a relay crashed the Mark II electromechanical calculator that the Navy was running at Harvard — it can still be seen taped in the original logbook — the bug metaphor had already been around for at least seventy-five years.

Edward Tenner, da Universidade de Princeton, quer que saibamos que bugs,
esses notórios inimigos da tecnologia, existem muito antes dos computadores:
“O bug, aquele mau funcionamento perverso e indescritível de hardware e
depois de software, nasceu no século XIX. Já era gíria de loja aceita já em 1878, quando Thomas Edison descreveu sua
estilo de invenção numa carta a um representante europeu: «O primeiro
passo é uma intuição e vem com uma explosão, então surgem dificuldades –
essa coisa cede e depois isso – “Bugs” – como pequenas falhas e dificuldades são chamadas — se mostram, e meses de intensa observação, estudo e trabalho são necessários antes que o sucesso comercial – ou fracasso – seja certamente alcançado.”Edison implica que esse uso de ‘bug’ não começou em seu laboratório, mas já era um jargão padrão. A expressão parece ter originou-se como gíria do telégrafo. Western Union e outros telégrafos empresas, com suas filiais associadas, formaram o primeiro sistema de alta tecnologia. Na época da carta de Edison, a Western Union tinha mais de doze mil estações, e era sua condição que provavelmente ajudou a inspirar a metáfora. Os escritórios da cidade eram imundos e os funcionários trocavam verso sobre a ginástica de insetos saltitando nos vestiários. Quando em 1945, uma mariposa em um relé bateu a calculadora eletromecânica Mark II que a Marinha estava funcionando em Harvard – ainda pode ser visto gravado no diário de bordo original – a metáfora do inseto já existia há pelo menos setenta e cinco anos.

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